A primeira sessão ordinária do ano, realizada na manhã de ontem, tinha tudo para ser apenas uma formalidade, com a prefeita lendo mensagem anual e sendo aplaudida de pé pelos funcionários da prefeitura, que lotaram o plenário. O que Goreti da Silveira não esperava, nem os seus assessores, que se ausentaram antes do término da sessão, era a renovação do mandato de presidente da Câmara do vereador João Evangelista, que surpreendeu a todos, ao realizar eleição para o segundo biênio, antes da data prevista.
Reeleito com oito votos a favor e um branco, Evangelista confirmou seu prestígio e liderança junto aos vereadores, ao conseguir mais um mandato de forma surpreendente, quando todos esperavam que a eleição fosse realizada somente no final do ano, como costuma acontecer, já que a sua gestão se encerra no último dia do ano. "Aproveitamos a união do grupo que se manteve coerente desde o início, contrariando todas as previsões de que cederíamos às tentações do poder logo no primeiro ano", justificou o presidente reeleito.
"A eleição tem respaldo legal e poderia ser feita a partir da primeira sessão do ano, foi o que fizemos", disse Genivan Varela, mediante os protestos da bancada da prefeita, que ficou surpresa com a realização da eleição, na qual foi permitido um recesso de 15 minutos para a articulação de qualquer chapa que quisesse concorrer com Evangelista, que manteve Paulo de Telécio como vice-presidente.
A reação da bancada da prefeita foi de surpresa e impotência, já que não havia tempo suficiente para a articulação de uma nova chapa e mesmo com toda sua experiência de seis mandatos consecutivos, o vereador Júnior Souza não encontrou qualquer artifício que pudesse adiar ou anular a eleição. "Já que a chapa é única, votaremos em você, mas não fomos avisados dessa eleição", disse o líder da bancada da prefeita ao presidente.
A idéia de realizar a eleição logo na primeira sessão vinha sendo articulada pelo grupo de vereadores denominado Vereadores em Ação, que desde o início tem se mantido firme na fiscalização das ações da prefeita. A decisão foi mantida em segredo para evitar pressão do executivo para desarticular a chapa. "Se não realizássemos essa eleição agora, dificilmente conseguiríamos a reeleição de Evangelista", acredita o vereador Chico de Marinete.
Respaldados pela Lei Orgânica Municipal, que estabelece o mês de novembro como data-limite para a realização da eleição e diz que a mesma pode ser feita a partir da primeira sessão ordinária do ano, o grupo de oposição formado pelos cinco vereadores, faz história em Apodi ao conseguir reeleger um presidente, enfrentando um grupo que se mantém no poder há mais de 20 anos.
O jovem presidente, eleito para o primeiro mandato, surpreende a população de Apodi pela segunda vez, ao assegurar mais um mandato de forma inédita. Na primeira eleição, ele conseguiu unir todos os vereadores em torno da sua candidatura e não teve oponente. Desta vez, se a nova eleição se realizasse somente no final do mandato ele certamente teria concorrente, devido ter se revelado líder nato e um forte candidato a futuros pleitos.